Al-Mutamid vai aproximar o Alentejo e a Extremadura através da cultura

O objetivo é criar um novo produto turístico transfronteiriço que tenha como eixo principal a cultura

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A cidade de Beja vai ser o centro de um novo projeto que pretende através da cultura aproximar algumas das comunidades menos populadas do sul. O território vai ser valorizado graças a sua rica e ancestral cultura. A viagem proposta vai do Alentejo a Sevilha sem esquecer Marraquexe. Terra Mágica: Al-Mutamid – O primeiro alentejano levará a uma valorização do fado, cante alentejano, gnaoua e do flamenco.

Al-Mutamid, nascido em 1040 em Beja (a Pax Júlia), foi o último rei da dinastia Abadi e ficou conhecido por ser o grande poeta do destino. Um viajante que continua a ser o elo de ligação que entrega o melhor de cada um dos povos. Um dos mais importantes poetas do sul, que se inspirava na serra da Aracena, vai ser a fonte para a criação de um percurso literário que pretende criar um novo produto turístico transfronteiriço. Uma viajem que vai levar artistas e poetas a aldeias tanto do Alentejo como da Extremadura.

A valorização cultural vai acontecer através de um conjunto de eventos que vão desde a literatura a música. A primeira edição do Terra Mágica: Al-Mutamid – O primeiro alentejano vai acontecer durante o mês de Junho. As atividades vão focar-se especialmente no teatro municipal (a maior sala de espetáculos do sul do país) e na torre de menagem do castelo de Beja. Esta torre com mais de 40 metros de altura oferece a melhor vista da cidade e vai oferecer o cenário ideal para a performance Telluric Beja, que pode ser acompanhada em live streaming.

O ciclo de conferências arranca no dia 1 de Junho com o professor Faustino Nuñez que vai falar sobre a  musica andalusi. No dia 2, o Teatro de Pax Júlia vai receber o espetáculo “Tanto monta, monta tanto”. O fado e o flamenco (géneros musicais irmãos) vão encontrar-se graças ao talento do fadista Ricardo Ribeiro e a “gitanería” do mestre Duquende. No mesmo dia, Carlos Gomes vai ser o responsável pela conferência sobre Al-mutamid – o poeta do destino. A 3 de Junho, a jovem bailarina Macarena López (solista do Ballet Flamenco da Andaluzia) vai pisar as tábuas do teatro para apresentar um baile de flamenco contemporâneo. A música Gnaoua será apresentada em Beja no dia 4 por Maâlem Omar Hayat. Naquela noite o estilo reggae e de fusão vai encantar os presentes.

Terra Mágica: Al-Mutamid – O primeiro alentejano é um projecto criado pela Zález Artist Collect em colaboração com a Câmara Municipal de Beja. O EL TRAPEZIO entrevistou Francisco Carvajal, o diretor artístico desta iniciativa. O espanhol quer que este projeto inédito se expanda para outras cidades. Com Carvajal falámos sobre a criação deste projeto, a importância de Al-Mutamid para o Alentejo e as fronteiras da cultura.

Como nasceu este projeto? De que forma a música e a arte podem beneficiar a cidade?

Este projeto tem a sua origem em Beja (Alentejo) e tem como fio condutor o Rei-Poeta Al-Mutámid, nascido e criado na cidade em 1040. A cultura e a música criada e produzida em Beja terá relevância da origem. Esta é a resposta à objectivação da cultura que vem das grandes cidades. Este privilégio dá importância ao local de origem, o Alentejo e em especial Beja.

Porque Al-Mutamid? Existe ainda algo do Alentejo (especialmente a nível cultural) onde ele viveu?

Al-Mutámid viveu em Beja de 1040 a 1052. Necessitamos investigar e trabalhar a obra cultural e política deste cidadão do Reino Andalusi. A sua estrutura poética e artística é inevitável na hora de abordar os projetos artísticos em Beja e no Alentejo.

Existem fronteiras para a cultura?

Estas são fronteiras invisíveis da língua, costumes, religião mas só a cultura pode deslizar por elas.

Para além deste projeto, o que mais se pode fazer para aproximar as comunidades nos dois lados da fronteira?

Devemos criar uma acessibilidade plena para os cidadãos transfronteiriços entre os três países. Residências artísticas e o estudo da arte compartilhada ainda mantida à distância.

É possível viajar através da cultura?

A viagem ao nosso interior é telúrico e depois caminhamos com a bagagem das nossas culturas.

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