Nos dias 6 e 7 de abril, a Casa do Povo de Melides irá acolher uma formação de danças tradicionais destinada a educadores e professores dos ensinos Básico, Secundário e Especial. A iniciativa organizada pela associação cultural PédeXumbo (também responsável pelos festivais Andanças e Entrudanças) pretende homenagear as valsas mandadas do Alentejo Litoral, mostrando também outras danças semelhantes que fazem parte do repertório típico da península ibérica.
“Os bailes mandados são momentos de convívio e socialização através da dança tradicional, nos quais há pessoas que orientam as danças com palavras ou gestos”. Quem o explica é Mercedes Prieto, professora de dança radicada em Portugal desde 2021, que será responsável pela ação ao lado do marido, Sergio Cobos, também professor de dança e “especializado na música tradicional galega”. Uma presença indispensável para a divulgadora, já que Cobos conhece bem as danças mandadas e fez “durante 15 anos recolhas etnocoreográficas nas aldeias da Galiza”.
Juntos trabalham a “recuperação e difusão da valsa mandada”, género tradicional presente na região alentejana. Ensinam diretamente a quem os procura, mas também dão a conhecer estas danças a quem “tem a responsabilidade de transmitir este património imaterial aos seus alunos”, esclarece a coreógrafa, que já se encontra a lecionar no Centro de Formação da Associação de Escolas do Alentejo Litoral (CFAEAL), sediado em Sines.
Além das valsas “da serra de Grândola e Santiago do Cacém”, os coreógrafos querem mostrar outras danças mandadas que fazem parte de um património ibérico tão extenso e diverso quanto se possa imaginar. “Na Galiza, por exemplo, são denominadas seráns ou foliadas, enquanto no Algarve, no Alentejo e no Pais Basco são ‘mandadas’ de forma oral, com palavras e termos que estão associados a gestos”.
Este encontro, porém, começa no dia anterior, com uma oficina só dedicada às valsas mandadas. Haverá ainda um baile com o conjunto Siga Bailando (Sergio Cobos, no acordeão; Mara, na voz; Samuel Santos, no violoncelo, e Ana Silvestre como monitora de dança) seguido de um jantar partilhado.
Envolvida na sua missão, Mercedes Prieto continua a “aproximar pessoas de um lado e do outro da raia” luso-galega com as suas aulas em Viana do Castelo (recorde a conversa com o EL TRAPEZIO sobre o projeto “AfiFolk”). Um trabalho cuidado de divulgação que a coreógrafa também reconhece à associação eborense PédeXumbo com a qual colabora: “não têm fronteiras”.