Foi publicada uma banda desenhada (cómic), luso-galega, sobre a vida do cantautor José Afonso. Balada do Desterro – Zeca Afonso, é da autoria de Teresa Moure (docente universitária na Universidade de Santiago de Compostela) e Maria João Worm e assinala os 94 anos do nascimento do cantautor responsável pela senha da revolução dos cravos.
Nascido em Aveiro, Zeca começou a cantar o fado de Coimbra e teve uma carreira que o levou a se tornar um dos mais conhecidos nomes da música portuguesa do século XX. Morreu em 1987 em Setúbal. Ambas as autoras consideram-se fascinadas pelo homem que cantava causas sociais e politicas. Este livro descreve José Afonso como um homem melancólico que vivia os concertos como estivesse numa montra para a contemplação do público.
Zeca Afonso, o melancólico músico que cantava a política
Zeca detestava modas e modernices e tinha como músicos favoritos Joan Baez e Jacques Brel. Nesta banda desenhada são descritos alguns episódios da vida de Zeca Afonso. Nas últimas páginas desta obra, é referido que a vida de José Afonso é romanceada. Mesmo assim, ao longo destas páginas acompanham-se figuras reais e os acontecimentos que mais as marcaram.
As autoras desta banda desenhada também sublinharam a importância das figuras femininas, em especial as suas duas filhas (que teve com duas mulheres diferentes, na vida do músico. Isto pode ser visto nas ilustrações, “Teresa Torga” e “As sete mulheres do Minho”, que Maria João Worm criou. Este trabalho visual assemelha-se a um teatro de sombras.
A narrativa, que acompanha a vida de José Afonso, também fala a relação que o cantautor tinha com Moçambique e com a Galiza. Nesta região o apreço pela música do homem por detrás de Grândola, Vila Morena continua até a actualidade. Na Balada do Desterro não pode faltar a censura do Estado Novo, a passagem de Zeca Afonso pela prisão de Caxias ou a revolução de Abril e a importância da sua balada (não só em Portugal mas também em Espanha). Este livro resulta de uma cooperação luso-galega. Para além das autoras, esta obra tem o selo das editoras Tradisom e da galega aCentral Folque.
