24/08/2025

Investigador alerta que o conceito de democracia «está em crise» também na lusofonia e que a turbulência traz nacionalismos

As fake news sobre a imigração crescen em Portugal, Moçambique prepara a sua intervenção na ONU enquanto na Guiné-Bissau se expulsam jornalistas

Comparte el artículo:

Bluesky Streamline Icon: https://streamlinehq.comBluesky

Num ano em que vários países dos PALOP comemoraram os cinquenta anos das suas independências, o investigador Pedro Borges Graça (do ISCTE) alerta que o conceito de democracia está «em crise» em África.

A visão de democracia pode ser vista de forma diferente consoante o continente onde estejamos. Apesar dos obstáculos, o investigador disse acreditar que a principal conquista dos povos foi a «liberdade de se governarem a si próprios».

Cinco décadas marcadas pela «turbulência» e onde a «democracia está reservada só para parte da população». Alguns dos países da CPLP, como é o caso da Guiné-Bissau, Angola ou Moçambique estão a enfrentar momentos de turbulência. O rastilho ideal para o aparecimento de movimentos nacionalistas.

Olhando para as democracias lusófonas

Olhando para a Guiné-Bissau, os últimos dias tem sido marcados pela expulsão dos jornalistas da RTP, RDP e da agência Lusa deste país. Este ato do governo local tem sido alvo de várias criticas, incluindo da Aliança Europeia de Agências de Notícias vê a decisão de Bissau, «tomada sem justificação transparente», como «grave revés para liberdade». Passando para Moçambique e para a futura Assembleia Geral das Nações Unidas, o governo de Maputo vai levar até Nova Iorque as seguintes temáticas: pobreza e a violência de gênero. Ainda durante este mês de Agosto, um protesto dos taxistas paralisou Luanda e a atuação das autoridades foi fortemente criticada pelos populares.

Em Portugal, as coisas não são todas positivas já que um estudo aponta o país como o foco da criação de fake news sobre imigrantes no território europeu. A evolução da relação entre Portugal e os países africanos lusófonos resultou na criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 1996. Atualmente a CPLP é presidida pela Guiné-Bissau. Para Borges Graça, a CPLP fala muito mais atua pouco. O investigador sugeriu que que uma maior valorização da produção científica em língua portuguesa pode ser um passo decisivo para a coesão da comunidade lusófona. Nas redes sociais, o português é uma das línguas mais usadas no mundo.

Para o investigador, em África existe dois tipos de democracia, limitada ou reservada. As declarações deste investigador têm sido destacadas em outros países da CPLP, como é o caso de Cabo Verde.