Luís Montenegro tomou posse como primeiro-ministro de Portugal e citou o Papa Francisco

Na primeira declaração como primeiro-ministro, Montenegro desafiou o PS a confirmar se era oposição ou bloqueio a um Governo que pretende levar até ao fim e cumprir uma missão que alguns consideram "impossível"

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Aconteceu, no Palácio das Necessidades, a tomada de posse do novo Governo, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro. A tomada de posse do novo primeiro-ministro e dos 17 ministros que fazem parte do seu Governo foi presidida pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que pela terceira vez dá posse a um Governo. Costa usou as redes sociais para se despedir dos portugueses. Aguiar-Branco, a segunda figura do Estado, também esteve presente nesta tomada de posse. Para Marcelo, os eleitores deram a «vitória ao sector moderado, e não ao radical», da direita. Tal como Aguiar-Branco já tinha afirmado, o presidente da República também afirmou que a «democracia vale sempre a pena». Para além da vitória da AD, as últimas legislativas alçaram o Chega a posição de terceira força política no país.

Todos os partidos com lugar no Parlamento português estiveram presentes nesta cerimónia mas quem representou o PS foi Alexandra Leitão e não Pedro Nuno Santos. A tomada de posse do XXIV Governo constitucional da democracia portuguesa levou a uma dança parlamentar com entradas e saídas de vários nomes não só em Lisboa mas também em Bruxelas, já que 4 dos novos ministros (em pastas tão diversas como o Ambiente, Agricultura, Defesa ou Negócios Estrangeiros) foram até há bem pouco tempo eurodeputados. Paulo Rangel, que mais de uma vez saiu a público a questionar as escolhas do PSOE, prestou juramento como ministro dos Negócios Estrangeiros e será a segunda figura do Governo de Montenegro. Ao lado das Finanças, esta é uma das principais pastas já que Portugal há décadas que aposta numa diplomacia de «soft power», de criação de pontes, não só entre países mas também continentes. Este Governo terá um Ministério próprio para a juventude, que até então estava sob a alçada do desporto.

Muitos temas começam a saltar para serem resolvidos pelo novo Governo, sendo um deles a possibilidade de retomar o serviço militar obrigatório. Algo que é visto pelo PCP como «carne para canhão». Este tema está a ser bastante debatido nas redes sociais. A saúde (o plano de emergência deve ser implementado até ao dia 2 de Junho) ou a habitação são outros dos temas que devem ser tratados num período de 60 dias, como foi prometido por Luís Montenegro durante a campanha eleitoral. Nas primeiras palavras prestadas após jurar como primeiro-ministro, Luís Montenegro afirmou olhar para o futuro «com confiança e com esperança» na capacidade das pessoas. Contando com todos para cumprir uma missão que espera não ser impossível (como os filmes protagonizados por Tom Cruise). Na conclusão do discurso, o primeiro-ministro citou o Papa Francisco. «Contamos com todos. Como disse o Papa Francisco ‘todos, todos, todos'».

Para trabalhar terá o maior excedente orçamental da história da democracia, o PRR e o Parlamento mais fragmentado. Montenegro quer cumprir o mandato que agora começa até ao fim e desafiou o PS a dizer se é uma oposição construtiva (foi com a ajuda dos socialistas que conseguiu colocar Aguiar-Branco na presidência da AR) ou um bloqueio. Algo que o Chega de André Ventura já ameaçou fazer. Montenegro prometeu a Rebelo de Sousa continuar com a colaboração positiva que estas duas instituições têm tido.

O primeiro Conselho de Ministros vai acontecer já amanhã, quarta-feira. Este Governo tem sete ministras e é o terceiro com uma maior presença feminina, ficando apenas atrás dos que foram liderados por António Costa. O Governo de Montenegro terá, nos próximos meses, uma agenda preenchida e veremos onde será a sua primeira visita de Estado (será que mantém a tradição e viajará até Madrid?).

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