Na zona da Raia, Marvão e Valência de Alcântara tem uma relação única mas ao longo da história as suas populações viveram experiências de conquistas (como foi o caso da guerra da Restauração ou as invasões francesas, onde existiram voluntários de Valença que tentaram socorrer Marvão) e convivências que permanecem até a atualidade. Onde vive-se num lado, trabalhasse no outro e convive-se em festas transfronteiriças.
Os baluartes e fortalezas que existem ao longo da Raia, e que apresentam a nossa história comum, estão a ser recuperados e aguardam reconhecimento como Património Mundial pela UNESCO. Um destes espaços que merece ser visitado também fica no Alentejo, mais precisamente em Barrancos.
Marvão, que fica no topo de um rochedo, foi uma terra moura que foi conquistada por D. Afonso Henriques no século XII. O fundador da leal vila alentejana foi o rebelde sufi do Al-andalus muladi ibne Maruane Aliliqui, conhecido como «O Galego». Este pretendia criar um reino que fosse de Marvão a Badajoz e que fosse independente do enirato de Córdoba. Em Marvão é possível encontrar as ruínas da cidade romana de Ammaia, fundada em finais do século I a.c. No século XVIII, a fortaleza, que é património nacional desde 1922, foi passada entre os exércitos de Espanha e Portugal mas desde então a situação estabilizou e a Raia encontrou a paz e atualmente é uma das mais calmas, e antigas, do mundo.
Já Valência de Alcântara foi alvo de disputas territoriais, como é o caso do Tratado de Alcanizes, e de uniões dinásticas. Valência de Alcântara fica na província de Cáceres. A igreja de Nossa Senhora de Rocamador foi o cenário do casamento entre D. Manuel I (monarca português ligado aos Descobrimentos) com D. Isabel. Esta Boda Régia habitualmente é evocada, unindo os dois lados da fronteira e sendo um importante ativo turístico desta região. Já que muitos cão até Valência de Alcântara para poderem reviver o casamento entre o monarca português e a filha dos reis católicos.