O Museu da Marinha, em Lisboa, recebeu o arranque das comemorações do centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul. Na cerimónia estiveram presentes representantes da embaixada do Brasil, familiares de Gago Coutinho e de Sacadura Cabral e as chefias da Marinha e Força Aérea.
Os representantes das forças portuguesas querem dar uma «merecida homenagem» e o chefe do Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo (responsável pela task-force da vacinação) olha para estes dois nomes como uma fonte de «legado e inspiração». Na cerimónia, onde foi apresentado o Plano das Comemorações, deu-se a conhecer o vinho Porto Adriano Centenário da Travessia Aérea do Atlântico Sul e do livro A Enigmática Travessia do Atlântico Sul, 1922. Também foi inaugurada a exposição itinerante 100TAAS.
A celebração destes dois feitos, que vão decorrer em simultâneo, serão acompanhadas pelo embaixador Francisco Ribeiro Telles. Ainda não se sabe que vai ser o representante brasileiro responsável. O feito de Gago Coutinho e Sacadura Cabral foi lembrado por Marcelo Rebelo de Sousa, que pediu que não se deixe morrer a celebração da independência do Brasil. O vôo de Sacadura Cabral e Gago Coutinho, realizado em 1922, aconteceu para marcar os 100 anos da independência do país sul americano. Este foi o primeiro a abandonar o império português e o primeiro imperador brasileiro era o filho primogénito do imperador e rei de Portugal.
2022, o ano das comemorações em Portugal e no Brasil
Para o estadista português, Marcelo Rebelo de Sousa, «não podemos permitir que vicissitudes conjunturais de qualquer ordem afetem um momento que deve ser simbólico e significativo na vida dos dois Estados e das duas nações irmãs». A construção de um futuro melhor para os portugueses e brasileiros é a esperança que Rebelo de Sousa tem para este 2022, que traz a celebração de duas importantes datas na história das nações irmãs.
Este ato foi vívido intensamente nos dois lados do Atlântico e os pilotos levaram como prenda para o presidente brasileiro da altura uma edição especial dos Lusíadas. Com génio e excelência, os dois pilotos levaram consigo chocolates, mecanismos de navegação e uma garrafa de vinho do Porto para atravessarem o Atlântico sul. Las Palmas (Canárias) e São Vicente (Cabo Verde) foram as duas paragens feitas antes da chegada ao destino.
Num momento adverso para a jovem república portuguesa, que tinha saído da I Guerra Mundial, a travessia de Gago Coutinho e de Sacadura Cabral foi sentida como uma nova viagem épica. Desta vez pelo ar e na Doca do Bom Sucesso, numa madrugada lisboeta de 30 de Março de 1922. Os «dois heróis portugueses» usaram para percorrer as 4.527 milhas náuticas, em 62 horas e 26 minutos, três aviões (com capacidade de aterragem no mar): Lusitânia, Portugal e Santa Cruz, este último ainda visitável no Museu da Marinha, em Lisboa.