O gasoduto a construir será uma extensão das redes que já existem nos dois países (em Campo Maior, no centro-este, e em Valença do Minho, no norte). A construção da terceira interligação com Espanha permite a Portugal aumentar a sua capacidade de exportações em entre 70 GWh/dia (numa primeira fase) e quase 150 GWh/dia (no final). A ideia nunca chegou a sair do papel, mas a atual crise energética pode mudar esta situação. Em Portugal, o traçado apresentado para o gasoduto irá de Celorico da Beira a Vilar de Frades, num total de 162 quilómetros de tubagens que serão colocadas ao longo da fronteira.
A construção deverá durar trinta meses e ter um custo de 244 milhões de euros. A infraestrutura que deverá nascer na costa catalã, irá até Zamora, será construído em nove meses. A ministra espanhola Teresa Ribera considera que este gasoduto deve ser considerado um projeto europeu e como tal deve receber financiamento de Bruxelas. Portugal concorda e acredita que será possível reduzir os custos para os consumidores e tornar os dois países fornecedores de hidrogénio para a Europa.
Aos tempos estimados pelos governos do Sul dos Pirenéus devemos contar o investimento do lado francês. Já que seria daqui que se ligaria ao resto da Europa. As construções deverão começar assim que os obstáculos levantados por Paris sejam ultrapassados. Macron acredita que o novo gasoduto pode entrar em conflito com a esperada transição energética. Itália já demonstrou a sua disponibilidade caso França não queira se juntar a este projeto.
O gasoduto esta semana teve um novo fôlego com o apoio público prestado pelo chanceler alemão, Olaf Scholz. A Alemanha é extremamente dependente do gás vindo pelo gasoduto Nord Stream 1. Sobre o futuro gasoduto ibérico, o governo espanhol fez as contas e acredita que este poderá diminuir de forma substancial a dependência que o continente europeu tem da energia vinda da Rússia.
Portugal e Espanha preparam uma nova ligação com o resto da Europa
A península Ibérica é cada vez mais vista como alternativa aos abastecimentos que chegam do lado oriental, em especial da Rússia. António Costa acredita que é possível diminuir esta dependência e a chave está nos dois territórios mais a ocidente da costa europeia. Portugal e Espanha são dos países europeus menos dependentes do gás russo, isto devido a ligação que possuem com o norte de áfrica, e os seus portos permitem receber barcos carregados com este combustível que depois é regaseficado.
Depois de concluído este projeto, a sua capacidade de exportação de gás para o resto da EU deverá aumentar 30%. Para além do gás, esta infraestrutura deverá também exportar hidrogénio verde, fonte de energia a qual os dois países veem um grande potencial. Duarte Cordeiro, ministro do ambiente português, espera que até ao fim do mandato do atual governo seja possível começar já a exportar hidrogénio verde. Existem mais de 70 projetos que pretendem explorar este tipo de energia em Portugal. Até 2050, 25% da energia produzida em território europeu deverá acontecer graças ao hidrogénio limpo.
O território ibérico tinha, há uma década, traçado as linhas gerais do Midcat, um gasoduto que ia ligar a península ao resto do continente. A ideia defendida pelos governos ibéricos parte do porto de Sines, onde chegam navios com gás liquefeito, e tem como destino final Zamora. Dai vai prosseguir pela rede espanhola até ao resto da Europa. Para receber esta nova demanda, o porto português de águas profundas deverá crescer na sua capacidade.