Na costa basca foram encontrados restos de uma embarcação que contam a história do tráfico negreiro feito por Portugal. O navio fretado em Antuérpia pela coroa portuguesa afundou-se, segundo os documentos da época, entre 1522 e 1524. A Antuérpia, que atualmente fica na Bélgica, era um importante interposto comercial para inúmeros reinos, incluindo o de Portugal, no centro da Europa.
Este navio português, que naufragou na costa basca estava carregado de mercadorias, como era o caso de manilhas de latão (pulseiras usadas como adorno), para trocar por escravos em África. Um escravo poderia ser comprado por oito a dez manilhas na costa ocidental africana. Estas manilhas eram usadas como uma moeda primitiva. As suas imagens continuam a aparecer em inúmeras notas e moedas de países africanos.
Em 1587, segundo documentos da época, já haviam sido recuperados na baía de Getaria lingotes e 600 manilhas de cobre que faziam parte do espólio deste navio. Estes materiais, feitos no centro da Europa, eram usados pelos portugueses para adquirirem escravos. Nos destroços do navio foi encontrada uma moeda de Manuel I de Portugal, o que levou a arqueóloga basca a deduzir que o mesmo era português.
Estes escravos iriam para a Europa ou para o continente americano. O tráfico de escravos era, no século XVI, um dos principais motores da economia do reino. No século XVI, Portugal detinha o monopólio do tráfico de estragos. A história sobre este naufrágio é contada no livro Iturritxiki, da arqueóloga Ana María Benito Domínguez. O livro passa revista a várias escavações arqueológicas submarinas feitas na costa basca na última década do século XX.
O navio português, tal como vários outros, naufragou na baía de Getaria, no País Basco espanhol. Estes naufrágios aconteciam por causa dos ventos e dos temporais no mar cantábrico.