O Orçamento de Estado para 2024 traz um conjunto de medidas de onde se destaca o aumento do salário mínimo para 820 euros. Este é um valor contestado por vários sectores que defendem que este aumento deveria acompanhar o elevado custo de vida em território português. Se fizermos um retrato da pobreza em Portugal, 1.7 milhões de habitantes encontram-se em risco.
Portugal tem a 12.ª maior taxa de risco de pobreza em toda a Europa. Segundo os dados recolhidos pelo Inquérito ás Condições de Vida e Rendimento, o número de pessoas em situação de pobreza em Portugal em 2021 até diminuiu dois pontos, comparando com o período anterior. Os mais vulneráveis são os mais jovens (que saem cada vez mais tarde da casa dos pais) e os idosos, que em alguns casos tem que escolher entre a comida ou os medicamentos.
Se é nas ilhas, que vivem do turismo, que a taxa de pobreza é maior, na Área Metropolitana de Lisboa houve o maior recuo deste risco. O limiar de pobreza na UE é quase o dobro do que em Portugal. Um português com um rendimento médio (918 euros líquido por mês) seria pobre em 11 países da UE, desde o Luxemburgo (onde os trabalhadores recebem o maior salário de todo o continente) até a Itália.
Com 551 euros mensais, este rendimento é apenas superior ao da Roménia e da Bulgária. Em Espanha, por exemplo, a taxa de risco de pobreza é maior que a de Portugal (20,4%), mas o limiar de pobreza situa-se quase 300 euros mensais acima do português. Sem subsídios ou pensões, 4.5 milhões de portugueses estariam numa situação de pobreza. Em Portugal, alguém é pobre se ganhar 6.608 euros anuais. Só que 1 em cada 3 famílias tem um rendimento igual ou inferior. Mais de um terço das famílias que ganham uma média de 800 euros mensais não consegue pagar a totalidade das suas despesas.