No primeiro dia após os ataques às sedes dos três poderes em Brasília, Lula da Silva reuniu-se com os governadores e falou ao telefone com o primeiro-ministro português. Portugal foi o primeiro país a se opor a estes distúrbios, tanto pela voz de Marcelo Rebelo de Sousa, João Gomes Cravinho ou vários líderes partidários portugueses que se demonstraram chocados com as imagens que a partir de Brasília correram o mundo.
Em relação ao rápido repúdio oferecido por Portugal, Lula da Silva ligou pessoalmente ao seu homologo para agradecer o apoio prestado. A onda de solidariedade correu o mundo, com Espanha ou a Argentina a se colocarem ao lado do governo recentemente empossado. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou a invasão de apoiantes de Jair Bolsonaro às sedes do poder brasileiro e defendeu que o povo e as instituições democraticamente eleitas «devem ser respeitadas».
O Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca também emitiu uma declaração onde condenam de forma enérgica os graves acontecimentos que tentaram reverter o resultado das últimas eleições. O voto pela urna eletrónica, sistema implementado no país há 30 anos, têm sido atestado por todos os organismo internacionais como eficiente. O centro apoia, desta forma, «a democracia brasileira e condena todas as tentativas de questioná-la».
Na reunião telefónica que os dois governantes tiveram, Costa expressou a solidariedade dos portugueses e reiterou «a condenação dos atos violentos e antidemocráticos que ocorreram». O primeiro-ministro português também reforçou que se encontram «focados e empenhados» no relançamento das relações entre Portugal e o Brasil. Durante a reunião telefónica discutiu-se sobre a próxima Cimeira bilateral, que vai acontecer em abril. Este encontro não aconteceu durante a gestão de Bolsonaro. Durante esta viagem, que Lula da Silva já apelidou de «visita de estudo», vai marcar presença na entrega do Prémio Camões. A entrega deste prémio foi suspensa devido a pandemia, mas na cerimónia pública estarão os últimos vencedores, incluindo Chico Buarque. Bolsonaro tinha se recusado a assinar o diploma que conferia o prémio ao músico e escritor brasileiro.