O PCP, partido há mais tempo no activo em Portugal, este ano volta a apresentar-se às eleições autárquicas, organiza mais uma Festa do Avante e celebra 100 anos de existência. Um século de lutas e conquistas. Uma história marcada pela luta em defesa dos trabalhadores e da democracia. Nos últimos anos, os comunistas juntaram-se ao Bloco de Esquerda e ao partido socialista para dar origem a uma solução governamental que ficou conhecida como «geringonça».
O Partido Comunista Português, que é um dos mais fortes da Europa ocidental, desde 2004 é liderado por Jerónimo de Sousa, um dos dois políticos portugueses no activo que esteve envolvido na Assembleia Constituinte (o outro é o presidente da república, Marcelo Rebelo de Sousa). Nos primeiros anos da sua exigência, o PCP enviou militantes para combater na Guerra Civil espanhola. Para além do envolvimento directo na guerra, o partido comunista português esteve envolvido na cobertura e apoio logístico dado a comunistas espanhóis exilados na América latina.
Dos 500 a 1.200 combatentes portugueses que estiveram incorporados nas Brigadas Internacionais da República destacam-se os nomes de Victorio Codovilla e Palmiro Togliatti, que ocupavam posições de relevo na organização do partido. Álvaro Cunhal, histórico comunista e um dos pais da democracia portuguesa (ao lado de Mário Soares), viveu a queda do país vizinho às mãos fascistas e descreveu tudo o que viveu num livro. Um prelúdio para tudo o que seria vívido em Portugal.
Da clandestinidade às eleições autárquicas
A organização foi ilegalizada logo no início do Estado Novo e durante as cinco décadas da ditadura foram, mesmo que nas sombras, o rosto da luta antifascista. A vivência na clandestinidade ou as passagens pelo Forte de Peniche ou o campo de concentração do Tarrafal marcaram a história de toda a uma geração de políticos e activistas sociais. A primeira pedra da calçada atirada contra a montra da sede do partido e um pequeno porta fósforos com código morse escrito são alguns dos objectos que contam os 100 anos da história do partido, que foi fundado a 6 de Março de 1921.
Desde então estiveram envolvidos em todos os momentos decisivos da vida portuguesa e a organização da Festa do Avante (que acontece há 45 anos) marca não só o fim do verão e o início das reentres políticas mas também a junção da festa política com actuações musicais com uma forte presença Ibero-americana. Mesmo com algumas restrições, a quinta da Atalaia recebeu 40 mil pessoas por dia e na sua programação houve uma homenagem a Zeca Afonso, uma das vozes de Abril.
Um século já se passou mas mesmo assim o PCP continua a defender que existe futuro e o próximo grande passo do partido são as eleições autárquicas, que vão acontecer a 26 de Setembro, e onde procuram reforçar o poder autárquico que têm, em especial no sul do país.