Portugal e Cuba: Uma relação de longa data

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Quando falamos de Cuba e da relação que esta ilha caribenha tem com a lusofonia (especialmente com Portugal e Angola) pensamos nos seus excepcionais médicos, em férias ao som da rumba e no período revolucionário começado pelos irmãos Castro e por Che Guevara. Os ventos do Golfo do México trazem histórias de corsários e piratas e uma das figuras que por aqui passou foi Bartolomeu Português, que atacava de embarcações que navegavam sob o pavilhão do Império Espanhol e criou «O Código da Pirataria».

A relação entre as nossas duas nações é muito mais antiga que isto e em Portugal até temos uma Cuba, só que esta fica no Alentejo e só tem uma estátua de Colombo (conheça um pouco mais sobre esta história aqui), nada de charutos cubanos.

Pela ilha, que enamorou o escritor americano Ernest Hemingway, também passou o Eça de Queirós que para além de ser o autor que todos conhecemos foi cônsul na cidade de 1872 a 1874 e por lá defendeu os direitos humanos dos trabalhadores chineses e africanos que iam trabalhar nos engenhos de açúcar. Em Havana, no café La Columnata Egipciana existe um mural feito de azulejos que retrata a figura do autor dos «Maias» e do «Mandarim» e os eléctricos de Lisboa são usados como figuras decorativas. Também na parte velha de Havana é relembrado, através de uma estátua inaugurada em 2014, Luís Vaz de Camões, o príncipe das letras português. A parte antiga da cidade, que desde 1982 é Património Mundial da UNESCO, nos seus trabalhos de recuperação contou com a presença de arqueólogos portugueses.

Os dois países têm relações diplomáticas há mais de um século e tivemos como um dos momentos altos, especialmente para o General Otelo Saraiva de Carvalho, a visita deste a ilha para aprender com a revolução cubana e assim emular os ensinamentos para a jovem revolução portuguesa. O receio de que Portugal se pudesse transformar numa Cuba da Europa, algo que criou divisões no seio do próprio MFA, transformou o PREC num processo ainda mais quente do que aquele verão de 75 já era. Já Fidel visitou Portugal por duas vezes.

Um pouco mais abaixo na linha do equador, Angola era um jovem país que dava os seus primeiros passos como uma nação independente no continente africano e tinha em Cuba (e também na antiga URSS) dois irmãos mais velhos que iam doutrinar no espírito de guerrilha, revolucionário e comunista. Mais de 400 mil cubanos estiveram em Angola de 1975 a 1991. As décadas podem ter apagado um pouco da história recente mas a verdade é que a história de Angola também teve um pouco de salsa (não confundir com a erva aromática usada para temperar a comida).

Marcelo Rebelo de Sousa, já como presidente da república portuguesa, visitou o país em 2016 e nos próximos Jogos Olímpicos, que vão ser realizados no Japão, teremos sangue cubano na comitiva portuguesa. No triplo salto teremos Pedro Pablo Pichardo e a selecção portuguesa de andebol irá jogar em homenagem ao guarda-redes Quintana, que faleceu há uns meses e também vinha da ilha cubana.

Reacção portuguesa a situação cubana

As manifestações nas ruas de Havana e o corte nas telecomunicações já levaram a uma resposta do ministro dos negócios estrangeiros português, Augusto Santos Silva, que o governo cubano respeite o direito da sua população a manifestação e exortou os Estados Unidos a terminar o bloqueio que tem imposto a ilha e que contribui para os seus problemas económicos, que somados a pandemia fizeram com que os protestos se iniciassem.

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