O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou à comunidade internacional para se juntar e apoiar à Organização Mundial de Saúde (OMS) na “guerra” contra o COVID-19, sublinhando que “não é altura” para avaliar a resposta à pandemia, na sequência das críticas do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Na terça-feira passada, Trump acusou à OMS, na sua conferência de imprensa diária, de ser “tendenciosa” a favor da China e de ter “errado” ao não alertar perante o coronavírus, e ameaçou congelar os fundos que o seu governo fornece à organização, que em 2016-2017 representou mais de três quartos do seu orçamento.
Resposta de António Guterres
“Este vírus é sem precedentes nas nossas vidas e requer uma resposta sem precedentes. Obviamente, nestas condições, os mesmos factos podem ter tido interpretações diferentes de diferentes entidades”, argumentou Guterres num comunicado em que instou a esperar que o mundo passasse a pandemia para compreender as reações dos “envolvidos”.
“Quando virarmos a página de uma vez por todas sobre esta epidemia, haverá tempo para olhar para trás e perceber como a doença apareceu e espalhar a sua devastação tão rapidamente pelo planeta, e como todos os envolvidos reagiram à crise”, disse António Guterres.
“Mas agora não é aquele momento. Chegou o momento da unidade, para que a comunidade internacional trabalhe em conjunto em solidariedade para acabar com este vírus e as suas consequências devastadoras”, disse Guterres, que acrescentou que a OMS deve ser apoiada porque é “absolutamente essencial nos esforços mundiais para vencer a guerra contra o COVID-19”.
Coragem do pessoal da OMS
O secretário-geral da ONU explicou que os “milhares de funcionários” da OMS estão “na linha da frente, apoiando os Estados-Membros e as suas sociedades, especialmente os mais vulneráveis, com recomendações, formações, equipamentos e serviços de salvamento enquanto combatem o vírus”.
“Observei em primeira mão a coragem e determinação dos funcionários da OMS quando visitei a República Democrática do Congo no ano passado, onde a organização trabalha em condições precárias e locais remotos muito perigosos para combater o mortífero vírus do Ébola”, recordou António Guterres, que lhes atribuiu o “sucesso” de não terem sido reportados novos casos há meses.