O relatório “Internacionalização Ibérica, Espanha e Portugal na economia mundial 2020” já é uma realidade. Promovido pela Cátedra Global Nebrija Santander de Internacionalização Empresarial e pelo Fórum da Internacionalização Hispano-Portuguesa e patrocinado pela OIC pretende ser uma referência nos laços económicos entre Espanha e Portugal e nas sinergias entre os dois países para facilitar a expansão externa. O documento não só demonstra a elevada e crescente integração das economias espanhola e portuguesa na economia mundial mas identifica também fragilidades em áreas que tem uma cooperação conjunta e que pode melhorar os resultados da internacionalização. O estudo identifica possibilidades de futuro para uma marca ibérica.
Na apresentação, Xiana Méndez, Secretária de Estado do Comércio, destacou o “alto grau de progresso e paralelismo” na internacionalização dos dois países: “É um desafio vencido, mas há uma grande margem para melhorias”. Entre outros números e evidências da integração entre Espanha e Portugal reflectida no relatório, destacou que Espanha investe em Portugal mais de 15.000 milhões de euros e emprega 115.000 trabalhadores portugueses, enquanto Portugal investe 11.000 milhões de euros em Espanha. Os números são de 2018.
Para além de definir as relações luso-espanholas como “fáceis e fluidas”, recordando o conhecimento mútuo das duas economias e sublinhando a “enorme” acessibilidade do mercado português para as empresas espanholas, a Secretária de Estado do Comércio afirmou que os efeitos da covid-19, “criou tensões proteccionistas” mas também apresenta “oportunidades e desafios”, como a digitalização e a política comercial para “impulsionar o comércio e a política industrial”.
Entre os interesses hispano-lusos, Xiana Méndez enumerou a diversificação no abastecimento em sectores estratégicos, o regresso do papel-chave na Organização Mundial do Comércio (OMC), a colaboração nas medidas extraordinárias de recuperação da UE no quadro Próxima Geração e o trabalho conjunto com os países do Mercosul e da África.
Depois de agradecer aos autores do relatório, José Carlos García de Quevedo, presidente da OIC, fez uso da palavra, referindo-se aos esforços da OIC como banco nacional de fomento e agência financeira do Estado. Citou, a nível de exemplo, o empréstimo feito a Iberdrola no valor de 400 milhões de euros para o complexo hidroeléctrico de Tâmega, em Portugal.
Por sua vez, Gonzalo Solana, director da Cátedra Global Nebrija Santander de Internacionalização de Empresas, confirmou que este relatório foi elaborado com uma “vontade de ficar” e no intuito de “intensificar” o estudo, debate e a reflexão sobre as relações comerciais dos dois países que “compartilham valores, história, sociedades vibrantes e empresas dinâmicas”. Antes do relatório, dividido em três grandes blocos: comércio e investimento, estratégias e políticas e perspectiva de negócios, Solana disse que o facto de fortalecer as relações comerciais entre Espanha e Portugal é “muito benéfico para ambas as economias ainda mais num momento de tensões internacionais causadas pelo impacto da pandemia”.
Antes da intervenção final, que ficou a cargo de José Amado da Silva, reitor da Universidade Autónoma de Lisboa, Rafael Myro, catedrático de Economia Aplicada da Universidade Complutense de Madrid, especificou o “tremendo” quadro de oportunidades nas relações hispano-portuguesas, “que representa um enorme potencial se aproveitadas essas sinergias”. Com base no relatório, Myro disse que, embora os dois países elaborem um abastecimento adequado à demanda mundial do mercado de bens, precisam de uma maior adaptação aos países emergentes e de uma sofisticação maior nas produções e presença de alta tecnologia.
Entre as conclusões do relatório, “os dois países conseguiram saldos comerciais e sustentáveis graças às exportações” e também alcançaram boas posições no turismo mundial, onde a Espanha ocupa o primeiro lugar e Portugal o 12º (anteriormente estava na 22ª posição). Depois de detalhar o “crescente” financiamento da OIC nesse sentido, Myro instou todos os presentes a levarem em consideração este relatório que, criado graças ao relacionamento entre o mundo académico e a administração, “torna-se um observatório necessário”.