Arranca a Cimeira Ibero-americana com um pedido de acesso igualitário às vacinas

Os presidentes da Guatemala e da República Dominicana denunciaram "o fracasso" da iniciativa COVAX

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A Cimeira Ibero-americana começou com a recepção, por parte das autoridades locais andorranas, dos chefes do governo e de estado de Espanha, Portugal, República Dominicana e da Guatemala. Estes são os países, junto da anfitriã Andorra, que participarão presencialmente nesta quarta-feira numa reunião simultânea com os 22 países Ibero-americanos. Junto aos três países ibéricos, a presença da delegação da República Dominicana é explicada pelo facto destes serem os próximos organizadores da Cimeira. Já a Guatemala organizou o encontro anterior.

Durante a “discussão de Chefes de Estado e de Governo”, que encerrou os trabalhos do XIII Encontro Ibero-americano de Negócios no Centro de Congressos de Andorra la Vella, Xavier Espot, Chefe do Governo (Cap de Govern) do Principado de Andorra, declarou que esta Cimeira marca o “caminho da igualdade no acesso às vacinas no espaço ibero-americano”.

O Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, indicou que a crise pôs em evidência a necessidade de mais cooperação e de mais internacionalização económica entre os países. Sánchez felicitou o trabalho de Rebeca Grynspan, Secretária Geral Ibero-americana, perante um contexto muito difícil para a organização dos países de língua espanhola e portuguesa na Europa e na América. A pandemia, segundo o presidente espanhol, “acelerou as mudanças na transição energética e na económica”. Do mesmo modo, Sánchez sublinhou o papel de Portugal na aproximação da União Europeia à América Latina no âmbito da Presidência portuguesa rotativa do Conselho da UE.

António Costa, Primeiro-Ministro português, em espanhol, afirmou que “não há recuperação sem vacinação”, pelo que “é necessário apoiar o projecto COVAX para que beneficie os países de rendimento médio”, como é a maioria dos Países da América Latina. Também insistiu na importância para a Ibero-América que a companhia aérea TAP, que está a ser apoiada pelo governo português, na união Brasil-Europa. Também falou sobre a inauguração do cabo submarino que vai unir Fortaleza (Brasil) a Sines (Portugal). Costa acredita que a UE pode estreitar as relações com a ibero-América nos acordos comerciais assinados com o Chile, México e especialmente com o Mercosur (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), podendo converter-se no “maior acordo comercial a escala mundial”.

Alejandro Giammattei, presidente da Guatemala, indicou que o mecanismo COVAX foi um fracasso porque a oferta é muito pouca e para a Guatemala representa apenas uma pequena parte do que recebeu em doações, por exemplo, da Índia. Luis Abinader, presidente da República Dominicana, defendeu a opinião do seu colega latino-americano e acrescenta que “faltou criatividade” para ter acesso universal às vacinas. Abinader afirmou que “os países devem agir para que a crise da pandemia não se transforme numa crise financeira e, por sua vez, em crise social”.

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, falou em português, língua oficial do espaço ibero-americano, e explicou a experiência do seu país. Ele considera que a antecipação é essencial na gestão da pandemia e que “não basta voltar a 2019 porque mudou a vida das sociedades”, também das sociedades latino-americanas. Da mesma forma, o chefe de Estado do país português anunciou que os acordos da Cimeira, ainda não divulgados, defendem o compromisso do FMI com a solidariedade e flexibilidade de financiamento, numa proposta apresentada pela Argentina e Espanha. Afirmou ainda que “ninguém se salva sozinho”, pelo que a coesão social é fundamental. Por fim, valorizou a Cimeira Ibero-americana por ser a “primeira cimeira pluricontinental realizada durante a pandemia”, o que é “um sinal de coragem”

O Rei da Espanha, Felipe VI, sublinhou o papel dos negócios ibero-americanos como forma de “unir a sociedade civil aos dirigentes políticos”.

O Fundo de Acesso Global para Vacinas Covid-19 (COVAX) é uma aliança promovida por actores públicos e privados com o objectivo de garantir o acesso equitativo às vacinas. A iniciativa é liderada pela Aliança Global para Vacinas e Imunização (GAVI), a Coligação para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Actualmente 190 países fazem parte dessa aliança.

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