A família portuguesa «Espírito Santo» pretende voltar a cena financeira. Os banqueiros e empresários José María Ricciardi e João Manuel Brito, considerados por muitos como parte do ramo «bom» da família que dominou o antigo Banco Espírito Santo (BES), que posteriormente deu origem ao Novo Banco, planeiam montar um novo banco de investimento. Um dos objectivos é «restabelecer socialmente o nome da família». Brito e Cunha esteve recentemente associado ao rei emérito Juan Carlos I.
Os dois financeiros estão a pensar em duas opções a curto prazo: adquirir algum pequeno banco já activo (não excluindo a possibilidade de procurarem um banco fora do país que permitissem que os clientes fizessem investimentos internacionais e depositando os seus activos no estrangeiro) ou através de um pacote com o Novo Banco, o que permitiria a construção de um novo banco em cima desta instituição, que em 2017 foi adquirido pelo fundo americano Lone Star. Isto depois de perdas históricas a rondar os 4.000 milhões entre o período de 2000-2018.
A maioria destas perdas deveu-se a operações de crédito falidas e actividades das subsidiárias do BES. Estes valores foram anunciados após auditoria da Deloitte mas, segundo o Bloco de Esquerda, estes números estão «feridos de morte». A sucursal do BES em Espanha actualmente está a venda e a auditora está envolvida na transacção, o que está a dividir as diferentes forças políticas.
O descrédito dos Espírito Santo
«O apelido Espírito Santo caiu em desuso, mas ainda é muito respeitado em Portugal», lembra uma das fontes escutadas pelo jornal El Espanol. A obsessão do «bom Espírito Santo» é criar um novo banco, especializado em banco de investimento e patrimonial, «com sangue de família, mas com sangue novo».
Em entrevista à SIC Notícias, o próprio Ricciardi (que ocupou posições de destaque no BES e no BESI) manifestou a intenção de constituir um novo banco «de capital português», uma vez que a maior parte das entidades portuguesas são propriedade de grupos espanhóis. CaixaBank, Santander, Bankinter e Abanca têm posições muito fortes. O BBVA também está presente mas conta com uma participação minoritária.
O nome Brito e Cunha apareceu na imprensa espanhola após se falar da possibilidade de Juan Carlos se ter instalado na quinta do Peru após deixar Espanha. A mãe de Brito e Cunha era a segunda maior accionista do antigo BES.