O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu esta sexta-feira, no Parlamento alemão, que as vacinas contra a covid-19 devem ser disponibilizadas a toda a população mundial.
“O nosso grande desafio é garantir que as vacinas são tratadas como um bem público global, acessível e económico para toda a gente e em todo o lado. Uma vacina do povo”, afirmou o antigo primeiro-ministro português, num discurso de celebração dos 75 anos da organização mundial no Bundestag, onde compareceu após convite do seu presidente, Wolfgang Schäuble.
Guterres aproveitou a ocasião para agradecer ao Estado alemão pelos esforços efectuados junto da Organização Mundial de Saúde e da ONU e que contribuíram para o desenvolvimento e a distribuição de “vacinas, diagnósticos e tratamentos” pelos países do mundo.
Para além de ter dedicado parte da sua intervenção aos desafios e oportunidades da covid-19 e do processo de vacinação, o líder da organização mundial destacou outros desafios que a comunidade internacional enfrenta: a crise financeira, a emergência climática, a desigualdade de género, o aumento da desinformação e do discurso populista e o decréscimo de soluções multilaterais para resolver problemas globais.
“Parece-me óbvio que o caminho para conquistarmos o futuro passa por uma maior abertura ao mundo. Ainda assim, assistimos, em muitos lugares, a um fechamento das mentes”, lamentou Guterres.
“Temos visto, por todo o globo, como as abordagens populistas, que ignoram a ciência, estão a enganar as pessoas. Acoplada às notícias falsas e a conspirações selvagens, a situação tornou-se manifestamente pior”, disse ex-dirigente do PS.
António Guterres elogiou a importância da liderança política feminina durante a pandemia, destacando os “estudos que mostram que a liderança das mulheres levou a resultados mais baseados em provas, mais sustentáveis, mais inclusivos e mais eficazes”.
O secretário-geral da ONU sublinhou ainda o papel da Alemanha na liderança da luta contra as alterações climáticas e na luta pela paz.
“A Alemanha, com a sua profunda consciência e responsabilidade histórica, desempenha um papel de liderança no mundo”, disse Guterres. “É um pilar do multilateralismo”.