Quando a apropriação cultural chega ao mundo da moda

A camisola poveira e a louça Bordalo Pinheiro foram os alvos de uma estilista americana

Comparte el artículo:

A apropriação cultural saltou para as manchetes graças a estilista americana Tory Burch que nas suas colecções de vestuário e de decoração usou dois elementos da cultura portuguesa. Esta apropriação levou a um questionamento sobre o verdadeiro valor da cultura portuguesa.

O uso indivíduo da camisola poveira e da loiça e da marca Bordalo Pinheiro teve resposta da governo português que está a pensar processar a estilista (está não é a primeira vez que usa de forma errada elementos culturais de outros países), que entretanto já tirou a camisola do seu site e emitiu um pedido público de desculpa. Mesmo assim, o governo e os visados exigem uma reparação devido a apropriação indevida do património cultural português.

A camisola poveira e os pescadores

A camisola típica dos pescadores da Póvoa de Varzim, que é feita por artesãs e custa 30€, remonta ao início do século XIX e era usada como traje de festa dos pescadores. A camisola poveira bordada é feita em lã branca, rematada em linhas pretas e vermelhas, decorada a ponto cruz e apresenta motivos tão diversos como o escudo português. Usadas normalmente em casamentos ou encontros com políticos, está camisola branca deixou de ser usada em 1892 após desastre marítimo que ceifou a vida de inúmeros homens do mar.

Estas camisolas, feitas pelas mães e mulheres dos homens do mar, passaram a ser vistas como um traje de luxo e como tal estão a inspirar criadores de várias latitudes devido ao seu cariz popular. Actualmente o traje poveiro, que é uma expressão cultural, está a espera de certificação.

Bordalo Pinheiro e a louça das couves

Quando falamos em Bordalo Pinheiro pensamos automaticamente no famoso Zé Povinho mas a verdade é que também existe uma linha de cerâmica. Criada por Rafael Bordalo Pinheiro, esta marca apresenta figuras marcantes da tradição portuguesa, como é o caso das couves. Estes pratos verdes estão presentes nas casas portuguesas há várias gerações e recentemente também estão a ser vendidos em rosa.

Tal como a camisola poveira, o prato da colecção Bordalo Pinheiro também estava a ser apresentado por Tory Burch como uma criação sua. Sobre este caso, a administração da empresa lamenta a inércia no combate a contrafacção que tem levado produtos portugueses, como os tapetes de Arraiolos, a serem produzidos em larga escala na China.

Na cidade de Lisboa pode ser encontrado o divertido museu Bordalo Pinheiro, local onde são contadas as histórias dos irmãos Columbano (cartoonista) e Rafael (ceramista).

Noticias Relacionadas