Teresa Ribera ignora os cidadãos ibéricos, autorizando a continuidade das centrais nucleares

O Movimento Ibérico Antinuclear lamenta o prolongamento da autorização de funcionamento das centrais nucleares de Almaraz e Vandellós

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O Movimento Ibérico Antinuclear (MIA) denúncia a falta de participação e debate público. A continuidade destas centrais é produzida sem a participação dos cidadãos dos países vizinhas afectados e sem ter sido concluído o processo de avaliação ambiental do PNIEC. Esta notícia foi anunciada sob a forma de vazamento de agências como a Efe e a Europa Press, roubando assim a capacidade de resposta da sociedade civil.

O grupo ecologista ibérico, através das organizações portuguesas que o compõem, vai enviar queixa à Comissão Europeia por falta de comunicação com as autoridades portuguesas e de avaliação ambiental transfronteiriça.

Este movimento luso-espanhol é uma plataforma de lutas antinucleares que tem vindo a exigir desde a origem desta energia um debate público sobre a continuidade das centrais nucleares. Especialmente desde 2016, ano do início das mobilizações antinucleares e do nascimento da plataforma, tem exigido que, numa democracia, decisões como a continuidade da energia nuclear sejam expostas a um debate público. No entanto, nenhum dos governos tem conseguido enfrentar esse debate, apesar de as poucas pesquisas sobre a percepção da energia nuclear, como a da CIS de Maio de 2011, mostrar, por exemplo, como 52% da sociedade civil considera haver mais riscos do que benefícios quando falamos em energia nuclear. 39% pensa o contrário.

A extensão do funcionamento das centrais nucleares em Espanha por mais de 40 anos para as quais foram construídas responde exclusivamente aos interesses das empresas estabelecidas. Foi especificado um protocolo de fechamento entre a Enresa e os proprietários dos reactores nucleares. Este protocolo foi assinado em Março de 2019, assumido pelo governo, e consta do Plano Nacional Integrado da Energia e Clima.

Como sucedeu com a aprovação do Armazém Temporário Individualizado de Almaraz, voltou a ser evitado o encaminhamento de consultas ao Governo e aos cidadãos portugueses, o que poderá incorrer em violação de tratados e acordos europeus e internacionais. Este facto obriga as organizações portuguesas que integram o MIA a dirigirem uma reclamação formal à Comissão Europeia para que seja analisada se a extensão da fábrica de Almaraz viola os acordos. O rio Tejo, que arrefece a central de Almaraz, liga os dois países e caso aconteça um acidente ou descargo radioactiva, o país vizinho será afectado. Isto já aconteceu em 1970, quando descargas no rio Jarama foram detectadas em Lisboa.

É de lembrar que, durante o mês de Junho, após a CSN ter divulgado favoravelmente a extensão de Almaraz, essa usina sofreu duas paralisações dos seus reactores por problemas técnicos. As organizações antinucleares alertam que esta extensão é uma decisão de altíssimo risco, uma vez que essas instalações apresentam um evidente envelhecimento e segurança degradada. Neste momento, não é necessária a continuidade de um sistema energético poluente e concentrado nas mãos de poucas empresas. Deve haver um debate amplo sobre o futuro da energia no Estado espanhol, a distribuição da sua produção e a adaptação do consumo às necessidades colectivas e não da mera reprodução do sistema económico.

Desta forma, o Movimento Antinuclear Ibérico mostra o seu mais absoluto repúdio à atribuição da renovação da autorização de funcionamento às centrais de Almaraz e Vandellós. Este movimento continuará exigindo o fim do pesadelo nuclear e o cumprimento absoluto das instruções técnicas indicadas pela CSN. Uma vez concedida esta licença, cabe ao ministério e ao seu ministro, os responsáveis ​​pelas consequências que se podem produzir com a continuidade de espaços envelhecidos e com segurança degradada. Esta é uma decisão que protege os interesses das empresas de electricidade contra o público, o bem comum e a necessária transição energética sem fósseis ou nuclear.

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