Desde pensar o Iberismo até faze-lo nós próprios (IV)

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O iberismo nasce de um desejo inato de se destacar.

O iberismo nasce dessas duas grandes forças superadoras que apreciamos constantemente no homem. Um que vai para dentro, em direção ao eu, tentando fortalecê-lo, enriquecê-lo, torná-lo singularmente mais pessoal do que qualquer outro. A outra força está no domínio da realidade externa, da apropriação, da solidariedade e da compaixão com o outro mas sem renunciar a nossa personalidade na busca pelos ideais que transcendem o nosso tempo e a nossa própria finitude. Isto em sentimentos políticos ou religioso.

Pedro Laín Entralgo faz uma semelhança entre a busca que São Paulo nos mostrou quando disse, na Epístola aos Romanos: “Com expectativa ansiosa, toda a criação aguarda a manifestação dos filhos de Deus”, (Romanos, VIII, 19-22). Esta é a ideia de esperança passada no Pe. Teilhard de Chardin e até na epistemologia marxista de Ernst Bloch, onde afirmou que a esperança, mais que um sentimento pessoal, é um princípio da realidade cósmica. O marxista Ernst Bloch esperava a humanização do cosmos através do trabalho, também do científico, e isso era essencial no destino do homem para alcançar uma situação histórica utópica, nas contradições e conflitos da natureza humana.

Tanto na epistemologia cristã, como na marxista, está baseada na busca por um lugar melhor para o homem. Os primeiros procuram um paraíso imaginário celestial, já os segundos acreditam que a terra seja o paraíso, a pátria da humanidade.

Dei-me que essa era uma busca inata, independentemente do QI, dos interesses, do ambiente familiar, etc. Quando trabalhei no ano lectivo de 1968-69, no Colégio Doutor Limón de Puertollano, a minha terceira experiência como professor, ensinei alunos da primeira classe. Todos eles eram filhos de mineiros. Também tínhamos três deficientes intelectuais com mais de oito anos, o Luís, o Rafa e o Alfonso, que foram incluídos nesta turma. Tanto os alunos quanto eu pudemos verificar que o Rafa  era o mais passivo e o Luís era totalmente hiperativo, nunca ficava satisfeito em trabalhar de forma independente dos outros alunos e não estava satisfeito em realizar tarefas recomendadas pela pedagogia tradicional, baseadas principalmente no manual. Mesmo assim tentaram, mesmo não tendo conseguido, emitar os outros nos jogos e nas performances.

Existe no ser humano a atitude de conquistas maiores e aqui o Iberismo não pode escapar.

Além dessa natureza inata, os ibéricos são caracterizados por terem a convicção de que os homens possuem, naturalmente, a capacidade de ajudar os outros e mostrar a sua solidariedade.

Então virão os interesses que, obviamente, existem: a necessidade de ser mais auto-suficiente, a necessidade de maior segurança, a necessidade de valorizar e mostrar a nossa história e a nossa cultura, a necessidade de mostrar ao mundo a nossa experiência e sabedoria, tudo o que temos.

Portanto, a nossa esperança é uma esperança cheia de tantas razões positivas que tornam a espera gratificante. Não apenas porque os dois partidos ibéricos, o MPI de Portugal e o ibérico da Espanha souberam quebrar a barreira do medo do outro, do medo do próprio debate que existia há menos de uma década atrás. Os dois grupos estão a adicionar iberistas ao seu projecto e os debates estão cada vez mais realistas e intensos.

Faço uma ligeira menção aos partidos ibéricos e a sua curta história porque no próximo capítulo justificarei a sua criação e o seu oportunismo na política actual. Isto não apenas como forças inovadoras mas como partidos que têm um conceito político diferente daquele que existe actualmente no país.

As partes ibéricas aprenderam com a história e vão melhorá-la, já estamos mostrando.

 

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