O secretário de Estado espanhol para a União Europeia, Juan González-Barba, e a sua homóloga portuguesa, Ana Paula Zacarias, apresentaram em Lisboa o novo Mecanismo de Acompanhamento da Cimeira Ibérica.
Ambos tiveram reunidos para avaliar a evolução dos acordos conseguidos na última cimeira ibérica, realizada no passado 10 de outubro na Guarda, colocando assim em andamento o chamado “mecanismo de acompanhamento” destes encontros.
Um encontro no qual se reuniram representantes de uma dezena de ministros por parte de cada país e do qual tanto Zacarias como González-Barba se mostraram muito satisfeitos, embora a ameaça de veto da Hungria e Polónia ao orçamento plurianual (2021-2027) e ao mecanismo de recuperação tenha centrado as atenções.
Os Governos de Espanha e Portugal mostraram-se esta sexta-feira confiantes que os contactos dos últimos dias consigam desbloquear a aprovação do orçamento e o Plano de Recuperação da UE antes de 1 de janeiro.
Nesse dia começa a presidência portuguesa da UE, e a sensação é que haja uma solução fechada até então, disse González-Barba em Lisboa.
“Confiamos -estive ontem em Varsóvia-, há notícias esperançosas que para o início da presidência portuguesa haja já a formalização do acordo, com o qual durante a presidência (lusa) se terá de ver como se aprova cada um dos planos nacionais”, comentou em conferência de imprensa conjunta com Zacarias.
O secretário de Estado espanhol explicou que transmitiu aos seus colegas húngaros e polacos que em Madrid “não concebemos que o veto se possa materializar”.
“Deve-se encontrar uma solução, porque no fundo todos nós vamos ser prejudicados, e o primeiro deles é a União Europeia como um todo”, disse.
Também não consideram “possível que se vá modificar algo do acordo alcançado pela presidência alemã no Parlamento Europeu”. “Este já não é um texto sujeito a negociação”, concluiu.
Tanto González-Barba como Zacarias se mostraram disponíveis para ajudar a encontrar uma solução.
“Ninguém quer encurralar ninguém. A ameaça de um veto é sempre um recurso infeliz dentro da União Europeia, porque se a experiência nos ensina alguma coisa, é que podemos e devemos encontrar consenso em todas as áreas”, salientou o secretário de Estado espanhol.
Se tanto o orçamento como o plano de recuperação forem bem sucedidos, Portugal e Espanha estão à procura de formas de encontrar “sinergias” entre planos que lhes permitam “utilizar planos nacionais para melhorar ainda mais a cooperação transfronteiriça”, explicou Zacarias.
Coesão territorial, coesão social, territórios do interior, espaço digital ou sustentabilidade são algumas das questões em que interesses convergem e sobre as quais poderão trabalhar em conjunto, disse a portuguesa, apesar de ser uma opção ainda em estudo.