Quando falamos da pintura portuguesa, os painéis de São Vicente de Fora são a obra mais marcante. Com 500 anos de história, este é um «retrato colectivo» da corte portuguesa do período do Infante D. Henrique, figura central deste trabalho e impulsionador da escola de navegação de Sagres. Feito por Nuno Gonçalves, pintor que trabalhou durante o reinado de D. Afonso V (conhecido como «O Africano»), entre 1470 e 1480, estas enigmáticas pinturas continuam a fascinar olhares, tanto dos especialistas como dos simples leigos que criam inúmeras teorias.
Quem é o verdadeiro autor e qual foi a figura que inspirou a criação destes painéis? Muitos acreditam que juntando todas as pinturas, que foram feitas em óleo sobre tela, é representado o funeral simbólico do Infante D. Fernando (um dos membros da «Ínclita Geração»), que morreu no exílio em Fez. De todas as figuras representadas, apenas é reconhecido D. Henrique devido ao seu chapéu preto em bico.
Estes painéis, muitas vezes vistos como uma simples obra, são compostos por 6 pinturas (cada uma dedicada a um grupo em específico) que apresentam um total de 58 personagens que são construídas em volta de São Vicente (do qual retiraram o seu nome) e do retábulo que este tinha na Sé de Lisboa. Esta obra, que é composta por dois painéis grandes e os restantes de média/pequena dimensão, foi descoberta numa sala escura no mosteiro de São Vicente. A primeira referência na imprensa aconteceu no jornal «O Comércio do Porto», em 1895.
A peça, que pode ser vista no Museu Nacional de Arte Antiga, vai ser alvo de um restauro que vai ter uma duração de 2 anos e vai contar com a colaboração de especialistas em pintura do madrileno Museu do Prado e do MoMa. O primeiro restauro aconteceu há mais de 100 anos, em 1910.