08/04/2025

Os moçambicanos perderam o medo e continuam a sair às ruas em protesto contra as últimas eleições

As manifestações continuam em Moçambique apesar de Filipe Nyusi ter marcado uma reunião com os participantes das últimas eleições

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As temperaturas em Moçambique estão quentes e não é só pelo clima. O caos continua instalado em Moçambique com protestos e caos nas ruas, incluindo na capital. Desde que os protestos começaram já morreram 66 pessoas e 210 foram baleadas. Dois dos mortos faziam parte da comitiva de Mondlane e tanto a União europeia como o secretário-geral das Nações Unidas pediram que as mesmas mortes fossem investigadas e que não vale tudo em política. As ONGs acusam o MP de ser selectivo na altura de instaurar processos, como pretendem fazer com Venâncio Mondlane. A sede do seu partido, o Podemos, foi incendiada em Maputo por desconhecidos.

Um grupo de académicos e ativistas moçambicanos acredita que esta tensão pós-eleitoral pode servir para ajudar a refundar um estado criado após a Revolução dos Cravos. Ao contrário do que estamos habituados a ver na Europa ainda existem vários passos no habitual processo eleitoral que não são dados em vários países da CPLP.

Em Angola não existem eleições autárquicas mas o mesmo não podemos dizer de Cabo Verde, que dentro em breve vai a eleições e onde existem mais mulheres prontas para votar do que homens.

Entre mortos e detidos pela polícia também temos crianças. Nas redes sociais circulam videos de membros da polícia a atropelaram e atirarem contra os manifestantes que perderam o medo. Saíram dos carros com cartazes e tomaram as ruas.

A tensão em Moçambique tem-se agravado. As manifestações já duram há mais de um mês. A representação diplomática dos USA repudiaram em declaração a atuação das forças da ordem. Na maior universidade do país ouvia-se gritos de «Venâncio» por parte de estudantes que anteriormente tinham medo de falar pois se fossem filmados poderiam perder as bolsas de estudo e restantes apoios que recebem do estado.

Governo que começa a «perder a mão». Depois do atropelamento de uma jovem mulher por parte de um veículo blindado da polícia (ao melhor estilo chinês) foram os próprios populares a levaram a ferida para o hospital. A Comissão Europeia deplora violência de todas as partes e apela à contenção não só dos manifestantes mas também da polícia que está a usar excesso de força. Os moçambicanos em Portugal lamentam o silêncio não só do governo de Lisboa mas também de Bruxelas sobre o que está a acontecer num dos mais importantes países da CPLP.

Esta situação tem feito que o país perdesse muito e a fronteira com a África do Sul chegou a fechar por alguns dias para que os protestos não pulassem a fronteira. O terrorismo, desta vez em Cabo Delgado (que sofre com a pressão de movimentos de carriz terrorista muçulmana) tem afetado as avaliações escolares. As taxas de juro em Moçambique foram cortadas em 12,75%, anúncio feito já após os novos tumultos em Moçambique. O ainda presidente, Filipe Nyusi, pretende-se reunir com todos os participantes nas últimas eleições, incluindo Mondlane que é que está a programar todas as formas de protesto que temos visto. Será esta uma tentativa de paz política? O presidente moçambicano apenas fala de danos materiais mas não de perdas humanas. A ausência de Mondlane nesta reunião (já anunciou que irá a uma próxima) é vista como perigosa.

Venâncio Mondlane (o segundo classificado das eleições) não estará no país e acredita-se que pode estar entre a Suiça e a Suécia. As eleições, supostamente ganhas por Daniel Chapo, aconteceram a 9 de Outubro. O candidato da Frelimo (o partido no governo), Daniel Chapo, terá ganho as eleições com 70,67% dos votos mas estes ainda têm que ser proclamados pelo Conselho Constitucional. Se Chapo venceu na província de Maputo, o agora lider da operação reclama a vitória no restante do país. Os juízes responsáveis por esta contagem têm sido ameaçados de morte. A «verdade eleitoral» será conhecida a 23 de Dezembro, basta saber para que lado da «barricada» irá esta prenda de Natal. A Constituição da República de Moçambique prevê que a primeira sessão da Assembleia da República tenha lugar até 20 dias após a proclamação dos resultados finais. A atual legislatura terá que ser finalizada até ao dia 12 de Janeiro de 2025.