No V Fórum ibero-americano de pequena e médias empresas, que aconteceu pela primeira vez em Lisboa (no CCB), foi apresentado um inquérito que pretende indicar o caminho a seguir neste espaço económico. Um grupo que pretende apostar cada vez mais nas PMEs como forma de obter crescimento e prosperidade. Antes da apresentação destes resultados houve uma reunião onde se falou sobre a importância da necessidade de se impulsionar o comércio inter-regional.
O trabalho feito em Lisboa servirá como preparação para a Cimeira Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo, que vai acontecer no próximo ano na República Dominicana. As PMEs representam 98% das empresas existentes e criam 67% do trabalho formal. Estas empresas são os principais motores das nossas economias atualmente. Neste estudo, o mais amplo alguma vez feito, participaram mais de 2.200 companhias provenientes de 22 países.
Neste Fórum estiveram presentes Andrés Allamand (secretário-geral da OEI), Costa e Silva, Vilma Arbaje (vice-ministra do Comércio Exterior da República Dominicana) ou António Saraiva (presidente da CIP). Allamand, no discurso de abertura, lembrou que a região cresceu pouco e que o «empreendimento é um motor para a economia e para as famílias». O presidente da CIP, António Saraiva, destacou que os países pertencentes a este grupo enfrentam três desafios: a dimensão, a inovação e a internacionalização das empresas. É necessário «ratificar acordos como o que a Europa tem com o Mercosur», disse Saraiva.
No evento participaram mais de 300 especialistas presenciais e 1000 pessoas de uma forma virtual. Resiliência, tanto das economias como das empresas, foi uma das palavras mais proferidas pelo ministro da Economia, António Costa e Silva. O ministro defende que a melhor resposta a dar a atual crise é a construção de espaços geopolíticos integrados. Os presentes destacaram os esforços feitos pelos executivos ibero-americanos para poderem acompanhar o tecido empresarial.
Empresas apresentam preocupação ambiental, mas ainda exportam pouco
Das respostas dadas, destaca-se o facto que mesmo com uma pandemia e os efeitos nocivos impostos pela guerra na Ucrânia, 59% destas empresas acreditam que a situação que estão a viver melhorará daqui a um ano. Já 41,8% das inquiridas afirmaram que o seu principal objetivo é gerar um impacto positivo nas sociedades em que estão inseridas. A melhoria da produtividade é uma prioridade para a região.
Neste inquérito, a principal preocupação apresentada pelas empresas participantes (46,5%) foi a inflação galopante em todas as nações que fazem parte desta região. Metade das empresas participantes assegurou ter no seu foco a sustentabilidade e a digitalização do trabalho (neste aspeto, as empresas que são lideradas por mulheres estão 15 pontos debaixo dos homens).
A terceira vertente que é vista como essencial para o crescimento das PMEs na Ibero-américa é a internacionalização. Em relação às exportações, na América Latina apenas representam 15% do total da produção destas empresas. Em Portugal e em Espanha a situação é bem diferente. Em território português, as exportações (no último ano) representam 49% do PIB nacional. Se esta tríade for conseguida é positivo tanto para as empresas como para o tecido produtivo da região.