O anúncio, por parte do governo de Espanha, da introdução de portagens nas auto-estradas espanholas está a deixar os transportadores portugueses receosos. Esta medida, que vai englobar 12 mil quilómetros de «vias rodoviárias de alta capacidade», vai entrar em vigor até 2024 e é justificada com razões ambientais, podendo alavancar o uso do transporte ferroviário para o transporte de mercadorias ao longo da península. A decisão do governo de Sánchez, que não é nova na Europa, faz parte do Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência.
Esta medida, segundo a Antram-Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias, pode afectar as transportadoras portuguesas que têm que atravessar o país e encarecer as exportações lusas entre 5% a 8%. Segundo Pedro Polónio, presidente da Antram, a implantação de portagens vai fazer com que o custo das exportações portuguesas para França (6 a 8%) ou a Alemanha (5 a 7%), dois grandes mercados para a economia portuguesa, vão aumentar.
«Estas decisões políticas que se replicam no nosso país e não apenas em Espanha, são exageradas, feitas na prossecução do que se pode designar como uma moda e não têm em conta o real impacto que vão gerar na economia», disse Polónio que defende que, no futuro e com o uso de camiões a hidrogénio ou eléctricos, a rodovia terá um impacto na poluição semelhante ao da ferrovia.
O impacto será maior nas auto-estradas que ligam Vilar Formoso a Burgos e Caia a Madrid, já que por aqui passam 45% dos veículos pesados de mercadorias que cruzam a fronteira. Com a colocação de uma portagem, um camião que passe de Vilar Formoso até Irún (360 quilómetros) vai ter que pagar 90€ e entre Madrid e a fronteira do Caia (400 quilómetros) o valor pode chegar aos 60€.