Lisboa é o tema da 11ª edição Festival Fado Madrid que vai ter lugar no palco do Teatro Real, no próximo domingo onde se vão juntar três gerações de fadistas: Camané (com Mário Laginha ao piano), Carminho e Teresinha Landeiro. EL TRAPEZIO falou com a Teresinha, na sua estreia em Madrid. Com só 25 anos já tem 13 anos de fado e um futuro muito prometedor.
-Partilha cartaz com os fadistas Camané e Carminho num lugar com muita história, o Teatro Real. Mais nervosa do que costume?
Cantar no Teatro Real é uma honra enorme, mas para além de ser uma grande honra, é uma enorme responsabilidade. É uma grande responsabilidade representar o fado fora de Portugal, principalmente em Madrid, uma cidade que adoro, numa sala tão mítica, e ainda para mais fazendo parte de um cartaz como este. O Camané e a Carminho são duas das minhas maiores referências. Por tudo isto, existe um certo nervosismo, mas daquele nervosismo saudável.
-Para os espanhóis que ainda não a conhecem. Como gosta de se apresentar?
Gosto de me apresentar como alguém que acredita muito no fado tradicional. Sou apaixonada pelas palavras, pelas histórias, pelos sentimentos. Acredito que o fado pode ser para todas as idades e para todas as ocasiões. Por isso, tento apresentar-me como uma fadista jovem, sem pressa de crescer, com a leveza característica de uma pessoa de 25 anos. Não pretendo reinventar o fado, e não adoro a palavra renovar. Pretendo apenas que condiga comigo e que chegue a várias gerações.
–Não é qualquer fadista que entra no elenco da Mesa de Frades com 16 anos. O que tem a Teresinha de especial?
De facto, cantar na Mesa de Frades é mesmo especial. Foi lá que me fui construindo enquanto artista e onde continuo a aprender todos os dias. Tive a sorte de receber o convite para fazer parte do elenco com 16 anos, e é ao Pedro Castro que tenho de agradecer por me ter dado esse voto de confiança tão nova. Não sei o que tenho de especial, sei apenas que tenho uma vontade enorme de aprender e que a minha paixão pelos fados condiz muito com a do Pedro. Talvez isso tenha feito com que ele tenha assumido o papel de meu mentor.
– Estuda gestão, quer estudar música, tocar um instrumento… Com tantos planos, foi difícil se decantar pela carreia de fadista?
A carreira de fadista é o foco. Tudo o resto são coisas que acontecem em paralelo, sem pressa. O curso de gestão está a chegar ao fim, e todo o resto são sonhos, desejos, sem data marcada nem pressa para acontecer, mas que hei-de concretizar.
–Gosta mais de cantar numa casa de fados ou nos concertos?
São coisas tão diferentes que é impossível dizer qual gosto mais. Preciso das duas para que exista um equilíbrio. É por isso que mesmo os fadistas que têm carreiras totalmente assentes nos concertos, também sentem necessidade de ir a uma casa de fados de vez em quando.
–É muito nova, mas já tem um percurso invejável e muitos anos de experiência. Consegue desfrutar de tudo o que está a viver?
Tento sempre viver um dia de cada vez. Cada conquista é apenas mais um passo neste longo caminho, e vou sempre agradecendo todas as oportunidades que vão surgindo. De facto, 13 anos de fado para quem só tem 25 é muita coisa, mas ainda é só o começo
–A Teresinha não só canta fado se não também compõe fados. Surgiu tudo ao mesmo tempo?
Não, comecei por cantar e só depois me apaixonei pela escrita. Agora quase não existe um sem o outro.
-A sua geração gosta de fados?
Eu penso que estão cada vez mais próximos dos fados e isso deixa-me mesmo feliz.
-O que espera aportar ao fado?
Não sei ao certo qual será meu contributo, mas tenho como objetivo deixar a minha marca através do meu canto e das palavras que escrevo. O objetivo maior é preservar o fado para que gerações futuras possam conhecê-lo como eu conheci.
–Há algum artista espanhol com quem gostava alguma vez poder cantar?
Sou uma grande fã da Buika e sigo muito o trabalho da Rosalía, principalmente quando era mais virado para O Flamenco.