Calendureta: em Elche nasce o primeiro festival ibero-americano de marionetas

A partir desta terça-feira, a iniciativa da companhia La Carreta dá palco a peças e oficinas para as famílias, além de encontros entre profissionais ibero-americanos das artes cénicas

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“Uma ponte de ida e volta para conectar alguns dos principais festivais de teatro de marionetas no continente americano e na Península Ibérica”. É assim que Paco Pérez, diretor da La Carreta Teatro, apresenta o mais recente projeto da sua companhia: o festival ibero-americano de marionetas Calendureta. Pensado para ser o ponto de encontro, entre 2 e 18 de maio, dos mais variados espetáculos e companhias de teatro de marionetas da Ibero-América, possibilitando “a aproximação e o intercâmbio cultural” dentro desta modalidade artística.

De Elche para o mundo, o festival não podia deixar de homenagear a sua origem. E fá-lo, desde logo, através do nome. “Calendura e Calendureta são duas marionetas automáticas que estão na Torre de la Vetlla, da antiga vila amuralhada de Elche, e que desde 1759 se encarregam de marcar as horas ao tocar os sinos. A primeira dá as horas e a segunda os quartos de hora”, pode ler-se no comunicado divulgado pela organização. Dando o mote para que mais pessoas conheçam “estas personagens entranháveis” da cultura ilicitana e para tornar a cidade de Elche (Elx, em valenciano) numa “referência internacional” do teatro de marionetas.

Nesta primeira edição, países como Argentina, Colômbia, Portugal e Espanha vão estar representados através de 31 peças que serão apresentadas ao vivo, 23 das quais em parceria com escolas e oito dirigidas às famílias. Todas elas terão lugar na Sala La Carreta, espaço da companhia promotora, à exceção do espetáculo “Jauja”. A peça musical da Titiriteros de Binéfar, “uma das companhias mais prestigiadas de Espanha”, estará em cena na Plaça de Baix no dia 5 de maio, a partir das 20h30.

Antes disso, logo às 18 horas do mesmo dia, será a companhia portuguesa Partículas Elementares a inaugurar a programação com “Nido”, que recebeu o prémio para melhor espetáculo na última edição da Feira Ibérica do Teatro, no Fundão. “Apesar de ser um espetáculo sem palavras, esperamos que as pessoas percebam exatamente aquilo que queremos transmitir”, avança Carlos Martinho, da mesma companhia, sublinhando a importância de “representar Portugal” no estrangeiro.

A seguir está “Ritmos Animalescos”, da companhia alicantina Fàbrica de Paraules, que sobe ao palco duas vezes: no sábado 6, às 18 horas, e no domingo 7, ao meio-dia. E, no fim de semana de 12 a 14 de maio, haverá ainda oportunidade de ver as propostas da companhia argentina Omar Álvarez Títeres (“El Soldadito de Plomo”) e das colombianas Jabrú (“Clownti”) e Manicomio de Muñecos (“Cuidado con la Marimonda”), entre outras destinadas às escolas.

A par da programação teatral, o festival também oferece às famílias algumas oficinas de construção de marionetas e uma exposição na própria sala. Para os organizadores de festivais de marionetas, por sua vez, haverá encontros profissionais “mistos” (presenciais e online) com um objetivo muito claro. “Gostávamos que o Calendureta fosse a semente de uma rede de festivais ibero-americanos, na qual possamos explorar possíveis vias de colaboração e desenvolver projetos comuns”, salienta o organizador. “Mas primeiro”, acrescenta, “queremos oferecer à comunidade uma boa mostra da arte das marionetas ao nível ibero-americano, consolidando o quanto antes a cidade [de Elche] como uma referência cultural incontornável”.

O Calendureta acontece com o apoio da IBERESCENA (fundo de apoio para as artes cénicas ibero-americanas) e do Ministério da Cultura e Desporto espanhol. A La Carreta Teatro, promotora do evento, é uma companhia com 38 anos de existência que desenvolve programação e aulas de teatro de marionetas para públicos diversos, desde o público escolar à terceira idade.

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