Os protestos continuam na Venezuela depois de umas eleições contestadas por muitos, apesar de Maduro já se ter congratulado como o vencedor deste pleito eleitoral. O Centro Carter já descreveu esta eleição como não democrática e o presidente da Colômbia, o também de esquerda Gustavo Petro, pede a divulgação das atas de votação. A ONU, através do seu secretário-geral António Guterres, também já expressou a sua preocupação sobre o que está a acontecer na Venezuela, de onde já saíram mais de 5 milhões de pessoas (há mais refugiados do que na Ucrânia ou Palestina).
A UE também já apelou ao fim da repressão na Venezuela. Um grupo de delegações, incluindo a do PPE com o eurodeputado português Sebastião Bugalho (o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, já participou numas eleições na Venezuela), foi barrado a entrada e não puderam acompanhar esta eleição, o que foi lamentado pelo lider do PP espanhol. Alberto Núñez Feijóo pede que se garanta a segurança pessoal dos dois líderes da oposição. Rangel também pediu diálogo político e respeito pela liberdade. Por outro lado, o PCP já felicitou Maduro por esta vitória.
Segundo a Comissão Nacional de Eleições, Maduro obteve a reeleição com pouco mais de 51 por cento dos votos (num total de dez candidatos). O policiamento está a ser cada vez mais apertado e 1.000 pessoas ja foram detidas (Maria Corina Machado e Edmundo Gonzales Urrutia correm o risco de terem o mesmo fim e a Costa Rica já apresentou abrigo aos dois líderes da oposição daquele país). Estes tem apelado a protestos pacíficos e a OEA reuniu-se de emergência para discutir a situação no país. Existe um pedido de captura aberto em nome de Nicolas Maduro.
Vários países da América latina (sete) viram as suas embaixadas fechadas em Caracas, incluindo a Argentina. Apesar da má relação entre Lula e Milei, este último agradeceu ao Brasil por assumir a segurança da Embaixada da Argentina na Venezuela. A retirada do pessoal diplomático vai acontecer através de Lisboa e de Madrid antes que possam seguir para Buenos Aires. «Agradecemos também [ao Brasil] a representação momentânea dos interesses da República Argentina e dos seus cidadãos» na Venezuela», declarou Milei na rede social X (o seu dono, Elon Musk, tem uma guerra de palavras aberta com Maduro). Brasil, Colômbia e o México não participaram na última votação da OEA. Maduro apelidou Milei e Lula como membros do fascismo internacional.
Atualmente na Venezuela a internet está a ser censurada e muitos restaurantes portugueses estão a enviar comida para as casas para que a população não sai a rua e se coloque ainda mais em perigo (já morreram 16 pessoas). Os milhares de manifestantes nas ruas cantam que o «governo vai cair» e estátuas de Hugo Chavez já foram derrubadas. Os venezuelanos em Portugal também saíram à rua para se manifestarem contra a reeleição de Maduro. Na ilha da Madeira, onde existe uma grande comunidade de venezuelanos, o candidato da oposição foi o mais votado. Muitos queixaram-se de não terem conseguido votar e de mesmo em outro país serem «acossados» por serem contra o regime.
O Governo português também já se expressou sobre o que está a acontecer no país e afirmou estar a acompanhar a vasta comunidade portuguesa existente na Venezuela e a embaixada pede para que estes permaneçam nas suas habitações. Segundo estimativas dos consulados-gerais de Portugal nas cidades de Caracas e Valência, estão na Venezuela cerca de 600 mil portugueses e lusodescendentes.