Em ano de eleições e das comemorações dos cinquenta anos da Revolução dos Cravos, chega aos cinemas portugueses o primeiro de dois filmes sobre algumas das maiores figuras da política contemporânea nacional, Mário Soares e Álvaro Cunhal. O primeiro destes filmes. «Soares é fixe» era o slogan usado na campanha do histórico presidente português que dava nas arruadas os habituais autocolantes (estes tinham um sol a sorrir) e merchandising que todos procuram nas eleições feitas desde então. Esta foi uma campanha que teve de tudo, incluindo agressões a comitiva de Mário Soares. Já no fim da sua vida, Mário Soares ficou eternizado por «montar» uma tartaruga gigante em Cabo Verde.
«Soares é fixe» acompanha as terceiras eleições presidenciais portuguesas. Estas são consideradas uma das eleições mais importantes da história contemporânea de Portugal e o debate protagonizado por Soares e Cunhal na TV é comparado ao de Kennedy vs Nixon. As presidenciais aconteceram em 1986, um ano depois da entrada conjunta de Portugal e Espanha no grupo europeu graças a Soares e Gonzalez, e a disputa pela maioria absoluta entre a esquerda e a direita. Se Mário Soares era o grande nome da esquerda, Freitas do Amaral (CDS) era o rosto da direita. Em algumas das sondagens lançadas na altura, Soares apenas tinha 8% das intenções de voto e para vencer era necessário o apoio dos votantes do PCP, na altura liderado por Álvaro Cunhal. Mário Soares foi o primeiro civil a ser democraticamente eleito como presidente de Portugal. Este foi um momento chave da democracia portuguesa. O que teria sido de Portugal se o resultado tivesse sido outro? Uma pergunta para a qual nunca
Este filme retrata os momentos vividos na noite da contagem devotos da segunda volta, que aconteceu a 16 de Fevereiro de 1986. Durante essa noite, que acabou com uma vitória tangencial da esquerda, Soares recordou a resistência a ditadura e as lutas que protagonizou no pós-25 de Abril. Isto sempre acompanhado pela família, João Soares foi presidente da autarquia de Lisboa, e de companheiros políticos, como é o caso de Manuel Alegre (um dos fundadores do PS) ou Felipe González.
O filme «Soares é fixe», de Sérgio Graciano, pode ser visto nos cinemas portugueses. Este filme pretende ser histórico, por mais que não retrate os protagonistas (Soares e Maria Barroso) como todos os conhecemos, e educativo para as gerações mais recentes aprenderem um pouco mais sobre a figura de um dos pais da democracia portuguesa.
