Investigadores e associações luso-espanholas pretendem classificar os espigueiros a património mundial da UNESCO. Para preparar esta candidatura houve uma reunião em Arcos de Valdevez. A rede transfronteiriça Horrea (espigueiro em latim) pretende candidatar a património da UNESCO os espigueiros que existem nos dois lados da fronteira.
A rede Horrea dedica-se ao estudo, preservação e valorização de estruturas de armazenamento de produtos agrícolas na Península Ibérica. Para os investigadores, caso os espigueiros sejam considerados património da UNESCO representa não só a importância económica que estes lugares têm mas também vai permitir proteger um saber que se está a perder devido a desertificação que estas aldeias estão a sofrer.
O interior do território ibérico está cada vez mais vazio, com uma população envelhecida que devido a sua idade abandona, aos poucos, a prática agrícola. Os mais novos, como já acontece há décadas, tende a ir para o litoral ou acabam por emigrar. Em Portugal, o maior espigueiro fica na aldeia de Carrazedo, em Cabeceiras de Basto.
Espanha e Portugal começam a estudar os seus espigueiros
«Espanha já tem o processo mais adiantado, e não queremos que Portugal fique fora da classificação», disse Fernando Barros, responsável pela parte portuguesa da rede Horrea. Os espigueiros encontram-se especialmente no norte e no centro do país. Podem ser encontrados em Viseu, Vale de Cambra e Arouca. Em alguns municípios existem milhares de espigueiros.
Muitas autarquias já demonstraram vontade de se juntar a este processo. Só no Parque Nacional da Peneda Gerês (que tem no seu interior a aldeia de Sistelo, que é paisagem natural da UNESCO) existem 24 espigueiros, na aldeia do Soajo, classificados como património de interesse público. Só no Alto Minho existem três milhares de espigueiros.
Estes espaços rectangulares são feitos de pedra e a sua função é secar o milho, impedindo que o mesmo seja destruído pelos roedores. No caso espanhol, onde existem espigueiros nas comunidades da Galiza ou da Cantábria, este processo está a ser preparado desde 2021. A associação asturiana Amigos dos Hórreos é quem está a preparar o processo de classificação.