América Latina continua em destaque na ARCOmadrid 2024

A 43.ª edição da feira de arte contemporânea acontece de 6 a 10 de março, tendo as Caraíbas como tema central

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A partir da próxima quarta-feira, a feira de arte contemporânea ARCOmadrid regressa à capital espanhola para a sua 43.ª edição, nos pavilhões 7 e 9 da IFEMA. À semelhança do ano passado, o certame volta a ter uma presença forte da arte latino-americana, este ano com o foco na relação artística com o mar das Caraíbas, dedicando os três primeiros dias exclusivamente a profissionais.

Entre os vários programas e secções, esta feira reúne um total de 205 galerias de 36 países, um número bastante idêntico à edição anterior. A representação portuguesa assinala-se, sobretudo, pela participação de 17 galerias – 16 no programa geral e uma na secção Opening – e pela presença de Vera Cortês no comité organizador. “Historicamente existe sempre um membro português [na organização] por ser uma feira com um mercado ibérico forte”, esclarece a galerista ao EL TRAPEZIO, que considera a presença portuguesa na feira “muito boa e representativa de um panorama artístico muito diverso, com um nível de projeção e alinhamento internacional cada vez mais consistente”.

Paralelamente ao programa geral, a ARCOmadrid 2024 contará com as habituais três secções comissariadas. La orilla, la marea, la corriente: un Caribe oceánico é o título e mote de investigação para a secção principal, comissariada por Carla Acevedo-Yates (Porto Rico) e Sara Hermann Morera (República Dominicana). Segundo o texto curatorial, a proposta deste espaço é tratar as Caraíbas como um oceano e não como um mar, refutando “a sua condição insular, fragmentada e desconectada para aproximar-se à sua dimensão continental e reticular”.

A secção Opening, dedicada à jovem cena galerística internacional, traz por sua vez 15 propostas de galerias oriundas de Barcelona, Bogotá, Buenos Aires, Lisboa, Madrid, Palma de Maiorca, entre outras cidades do mundo. O objetivo das comissárias Cristina Anglada (residente entre Maiorca e Madrid) e Yina Jiménez Suriel (radicada na República Dominicana) é dar visibilidade a projetos que, pela sua “natureza experimental ou pelas complexidades materiais e temporais que supõem”, não conseguiram ser apresentados anteriormente. Em exibição estarão obras como as cerâmicas escultóricas da artista brasileira Ayla Tavares, representada pela galeria parisiense Hatch, ou os vídeos da portuguesa Ana Rebordão, trazidos pela NO·NO, de Lisboa.

O já habitual espaço Nunca lo mismo, destinado à promoção da arte latino-americana, continua a sua missão de investigar a diversidade de formas, práticas e sensibilidades artísticas desta região do globo. Este ano, a curadoria de José Esparza Chong Cuy (México) e Manuela Moscoso (Equador) resultou num conjunto de artistas do Brasil, Colômbia, Argentina, Perú, México e Guatemala que desafiam “ativamente as perspetivas eurocêntricas e simplistas”, questionando identidades de género – “tradicionalmente entendidas em termos binários e normativos” – e explorando “as visões do mundo indígena” segundo uma abordagem contemporânea.

A fechar a programação artística deste ano estão os Projetos de Artista, desenhados especialmente para a feira. Entre os trabalhos estão as propostas dos portugueses Gabriel Abrantes, representado pela galeria Francisco Fino, e Mónica de Miranda, pela Carlos Carvalho Arte Contemporânea. A autora do projeto A Ilha sublinhou ao EL TRAPEZIO a importância da presença na ARCOmadrid “porque permite o aprofundamento do conhecimento da obra dos artistas e o foco em questões específicas no campo curatorial”. Sobre o objetivo da sua participação, Mónica de Miranda destaca “a visibilidade tanto no circuito artístico espanhol” como da América-Latina, contribuindo para “dar maior visibilidade à representação de Portugal na Bienal de Veneza no contexto de um constante diálogo entre Portugal e Espanha”.

Além das propostas artísticas, haverá ainda diversas iniciativas para fomentar o colecionismo, entre elas um programa de compradores internacionais e a atribuição de prémios, bem como vários fóruns dedicados ao debate sobre os temas em destaque na edição.

Fotos do trabalho de Mónica de Miranda.

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