“Em maio, Ponte… a jogar”. Foi com este lema que a associação Ponte nas Ondas resolveu, este mês, desafiar as escolas entre a Galiza e o Norte de Portugal a celebrarem e a praticarem os jogos tradicionais da Raia. O objetivo é visibilizar o património lúdico comum nesta região, convertendo as escolas em espaços de lazer e inclusão.
“Sugerimos um conjunto de jogos, com as devidas instruções, que serão apresentados pelos professores às crianças para que, livremente, escolham o que querem praticar”, pode ler-se no comunicado desta iniciativa. Assim, as escolas são chamadas a dedicar um ou vários dias da semana à atividade e devem enviar, no final do mês, “fotos ou vídeos alusivos à prática dos jogos propostos” para serem partilhados nas redes da associação. Ou também podcasts “feitos sobre qualquer aspeto da cultura do jogo tradicional”.
O projeto é um embrião do encontro de jogos tradicionais galego-portugueses que a Ponte nas Ondas “tem vindo a organizar em Melgaço e em Salvaterra do Minho”, explica o presidente na Galiza da associação, Santiago Veloso. Porém, com esta iniciativa mais alargada no tempo, pretende-se “dar a conhecer melhor” este património, que guarda algumas curiosidades. “Muitos jogos têm nomes semelhantes”, como é o caso da pita cega (“cabra-cega” em Portugal ou “galinha cega” no Brasil), enquanto outros “mudam completamente de nome”, como o jogo do “mata” (brilé em galego) ou o jogo do “macaquinho do chinês” (o escondite inglés).
A juntar à lista de jogos sugeridos, há também a opção de jogar a cantar, adaptando a música gravada em videoclipe por Uxía e Celina da Piedade com o brasileiro Chico César e o moçambicano Chewy Wa Gune. A ideia, diz Veloso, é “fazer uma reinterpretação desta ponte” sonora entre a Galiza e a lusofonia, aproveitando para “divulgar e integrar este património imaterial nos centros educativos”, uma das “boas práticas” reconhecidas ao projeto.
A “Ponte nas Ondas” é uma associação cultural e pedagógica que, desde 1995, promove o património cultural e imaterial galego-português junto dos mais jovens numa perspetiva de integração europeia e do mundo lusófono. Em dezembro do ano passado, conseguiu ser incluída no Registo de Boas Práticas de Salvaguarda de Património Cultural Imaterial da UNESCO, tornando-se a primeira candidatura portuguesa, em conjunto com a Galiza, a alcançar este reconhecimento.
