Aga Khan morreu, em Lisboa, aos 88 anos. O seu funeral vai acontecer no próximo sábado e deverá ser privado mas vai contar com a participação de membros do Governo português e dos embaixadores presentes no país. Os funcionários da fundação também estão convidados para participarem nas cerimónias que vão acontecer neste sábado e na próxima terça-feira.
Nas redes sociais, o primeiro-ministro Luís Montenegro manifestou “profundo pesar” pela morte de Aga Khan, sublinhando que a personalidade e obra do líder dos muçulmanos xiitas ismailis “permanecerão para sempre na memória dos portugueses”. Este óbito também foi lamentado pelo autarca de Lisboa, Carlos Moedas. O líder ismaili foi descrito pelas diversas figuras como “um bom amigo de Portugal” e um “símbolo de paz” num mundo cada vez mais convulso.
A partir da capital portuguesa, a fundação Aga Khan gere um imenso império financeiro. Aga Khan tinha quatro filhos e era considerado um dos homens mais ricos e poderosos do mundo com um trabalho social invejável. Especialmente a nível da filantropia, com a atribuição de bolsas nos países da CPLP, o apoio que dão ao Plano Nacional de Leitura em Portugal ou a doação de dinheiro que serviu para comprar o quadro A Adoração dos Magos, do pintor português Domingos António. Este quadro pode ser visto no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. A Rede Aga Khan para o Desenvolvimento tem um trabalho ativo em mais de trinta países. Sempre tentou fazer a diferença no mundo.
Aga Khan IV era íntimo amigo do rei emérito Juan Carlos e um dos grandes apoios da Infanta Cristina, que vive na Suiça e trabalha também para a Fundação, que tem escritórios em Genebra e a sua sede mundial em Portugal.
O sucessor de Aga Khan será o príncipe Rahim, de 53 anos e que está, há vinte anos, ativamente envolvido na gestão da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento. O príncipe Rahim nasceu em 1971 e estudou nas universidades de Brown (Estados Unidos) e Navarra (Espanha). No outro lado da fronteira estudou administração. O seu pai, Aga Khan, era descrito como um homem discreto mais um líder carismático dos muçulmanos não só da Europa mas também do mundo.
A nomeação do novo lider dos ismaelitas, que vive em Genebra e tem dois filhos, aconteceu nem tinham passado 24 horas depois da morte do Khan, que foi o 49.º Imam hereditário dos muçulmanos ismaelitas, e da leitura do seu «testamento espiritual». A tomada de posse vai acontecer na próxima terça-feira. A comunidade de muçulmanos ismaelitas tem 15 milhões de seguidores em todo o mundo (incluindo Moçambique) e a sua sede está em Lisboa desde 1983 e tem o seu centro nas Laranjeiras. Em Portugal, estima-se que existam cerca de sete mil fiéis que se caracterizam pela sua tolerância.
