A partir desta segunda-feira, o 18.º encontro anual ibérico de cosmologia acontece em Salamanca, depois da edição de 2023 realizada em Ponte de Lima. O congresso terá lugar no Salão de Atos da Faculdade de Geografia e História da Universidade de Salamanca, em pleno centro histórico da cidade, e contará com a participação de investigadores de vários países para além de Portugal e Espanha.
A escolha da capital salmantina para albergar esta edição tem que ver com a organização rotativa dos encontros entre os grupos de astrofísica, gravitação e cosmologia ibéricos. “Este ano é a vez do nosso grupo de Salamanca”, esclarece Ivan De Martino, do comité local organizador, que também levou a cabo o encontro luso-espanhol sobre relatividade (EREP) em 2022.
À semelhança de edições anteriores, a organização da Universidade de Salamanca espera cumprir o objetivo de promover a cooperação entre investigadores destas áreas. “Estes congressos servem para fomentar o intercâmbio de ideias, atualizarmo-nos sobre os últimos avanços do campo [de estudo] e catalisar a colaboração entre investigadores da Península Ibérica, dando visibilidade aos mais jovens”.
Os IberiCos são, de facto, reuniões informais para expor investigação em curso e discutir sobre a mesma, “não havendo, por esse motivo, lugar para convidados”. Além disso, a coerência temática não é preocupação. “Neste espírito [informal], a discussão geralmente não se limita a um tema singular e específico; está aberta a áreas como a cosmologia matemática, a física teórica de partículas e a astrofísica observacional e computacional”, explica De Martino, “com destaque para a origem e evolução do universo, a natureza da matéria e das energias escuras, as ondas gravitacionais e a Teoria da Relatividade Geral de Einstein, com as suas extensões”.
Promover estas “interações dinâmicas entre teóricos e observadores” é, por isso, “um foco particular para os organizadores”, salienta ainda. Algo que acontece não só no contexto destes encontros, mas sobretudo no dia a dia e, especialmente, entre investigadores portugueses e espanhóis. Exemplos disso são algumas das “melhores colaborações no campo” como o satélite Euclid, que “levará a cabo um grande estudo de imagens óticas e de infravermelhos próximos para esclarecer a matéria e a energia escuras”, e os futuros observatórios LISA e Einstein Telescope, que servirão para a “deteção de ondas gravitacionais”.
Apesar de ser costume haver atividades abertas ao público em geral, este ano o calendário não o permitiu. “O facto de estarmos no meio das celebrações da Semana Santa tornou impossível organizar uma palestra pública por falta de espaços e recursos”, admitiu a organização. Ainda assim, a escolha destas datas acabou por ser conveniente para os vários docentes e investigadores que não terão “atividades académicas” e poderão “participar livremente”.
Mesmo à porta fechada, estes encontros e a investigação que neles é debatida acabam por ter uma importância indireta na sociedade, como explica Ivan De Martino. “Esta investigação tem uma importância significativa na cooperação entre países e ajuda-nos a compreender como funciona o universo no seu conjunto, desde a formação de galáxias até à expansão do cosmos”.
É daqui que advêm “novas tecnologias que não só ajudam à investigação, como também se podem aplicar noutros campos como a comunicação por satélite, a navegação e a medicina”. Para além de que o conhecimento “sobre o nosso lugar no universo”, conclui, “é intrinsecamente valioso para a humanidade, inspira as pessoas de todas as idades e culturas, e estimula o interesse pela ciência e tecnologia”.
Os IberiCos realizam-se desde 2006, tendo a cidade do Porto acolhido a primeira edição. Desde então têm acontecido todos os anos – à exceção de 2020 – em várias cidades portuguesas e espanholas, tendo já passado por Aveiro, Barcelona, Bilbao, Coimbra, Lisboa, Madrid, entre outras. A localização do próximo encontro ainda não foi revelada.
